No berço lhe ensinaram disciplinar a metal certas expansões. Alinhar os chinelos à beira da cama. Organizar em degradê a caixa de giz. Domar a impaciência como a força vital da árvore pelas tesouras do miniaturista.
Aos sábados visitava a manhã da Liberdade e adquiria mais um exemplar. Meticuloso, dosava-lhe gotas de água e luz. Sinfonias enchiam o quarto-e-sala e os vizinhos podiam ouvir-lhe os solilóquios à varanda na madrugada.
Bom homem. Isso indicavam os chinelos à beira da janela.
camisadevento.blogspot.com
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quinta-feira, 18 de setembro de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
No travesseiro
Pensar além é difícil. Ir mais longe é quase impossível quando se é
limitado espiritualmente. A gente acaba por se abraçar aos pedaços de
vivência que teve e tenta elaborar nossa melhor imagem, nossa melhor
máscara quando necessário, pega qualquer suspiro e torna inspiração para
suportar os poucos minutos que restam de um dia cansativo e
angustiante, torcendo para que o amanhã, pelo amor de qualquer deus,
seja melhor do que hoje.
Trancar-se no quarto, chorar baixinho em baixo do lençol, secar as
lágrimas e depois sair como se nada tivesse acontecido. Nunca haverá um
outro que entenda a dor e o sofrimento que sentimos por completo, a
compreensão é limitada pela racionalização dos que não sentem, dos que
pensam em explicações, em justificativas, em razões. Nenhuma teoria é
suficientemente clara e boa para explicar a solidão que se sente por
estarmos no mundo, de sermos únicos, de não podermos compartilhar nossa
individualidade, que como a palavra mesma diz é individual. Somos
singulares até nas dores comuns.
http://contemporaneo-pec.blogspot.com.br/
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